Nossa Escola tem a missão de estabelecer diretrizes orientadas para responder aos novos desafios que o mundo contemporâneo vem nos impondo. Ou seja, ampliar a democracia em todos os seus aspectos, tornar acessível e valorizar o trabalho para todos, num mundo onde o aumento do conhecimento científico e tecnológico, da automação, mais modernos processos de trabalho e em decorrência o aumento da produtividade, não têm sido apropriados com equidade pela ampla maioria da população. Ao contrário, essa apropriação se concentra no 1%, e mais ainda, no 0,1% mais rico, em quase todos os países, Brasil com destaque.
Queremos ser uma instituição de ensino instigante, que se propõe a estudar, compreender e ensinar como melhor enfrentar esses desafios. Ser um centro de abertura e não de fechamento de mentes, um centro onde se ensina e se aprende com qualidade, um centro vivo de debates dos problemas da Cidade, do Estado, do País e Global. Uma escola laica e aberta ao conhecimento.
Uma instituição que recupera as razões históricas de sua fundação: responder aos desafios do país, da sua industrialização, da criação de um estatuto e identidades nacionais, da construção de um estado nacional e das estruturas capazes de dar conta dos desafios exigidos há um século.
O Brasil foi um dos países com maior crescimento da economia nos primeiros 80 anos do século passado, em particular a partir da década de 30 até o final da década de 70. E o tempo atual impõe desafios de grandeza semelhante aos que motivaram a empreitada liderada por Roberto Simonsen na criação da Escola de Sociologia e Política, em 1933, e em sua ativa contribuição no desenvolvimento do país.
A superação de desafios que têm novas complexidades, como o predomínio do mundo das finanças e da elevada tecnologia se confrontam com o ideário de justiça social e da ampliação de direitos e de igualdade, tão perseguidos e erigidos no século passado. Não devemos e não podemos retroceder.
Devemos buscar sempre renovados métodos e conteúdos no ensino, estudar para compreender e contribuir para transformar a cidade de São Paulo e o país na direção da consolidação da democracia e da inclusão econômica e social; pensar e organizar o estudo e a cooperação entre escolas e instituições nacionais e internacionais; compreender e formular alternativas para os desafios de construirmos um caminho para uma constante melhoria dos serviços públicos, hoje constritos e capturados pelo corporativismo e pelos interesses privados; estimular e combinar o desenvolvimento de projetos e pesquisas aplicadas às expertises da escola, que podem ter nos mesmos a via de mão dupla a estimular a docência, o ensino e a pesquisa na FESPSP.
Ubiratan de Paula Santos
Presidente do Conselho Superior da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo