Nova pesquisa FESPSP: 68% quer mudar a gestão de SP

Levantamento mostra Boulos com 23,1% e Nunes com 21,6%. Marçal cresceu 6 pontos, indo de 11,4% para 17%

Cerca de 68% dos paulistanos desejam mudanças na gestão de São Paulo, e a porcentagem de eleitores que querem mudar tudo subiu 7 pontos percentuais, indo de 16% para 23% dos entrevistados como mostra a segunda rodada de pesquisa eleitoral da FESPSP (TSE-SP-04746/2024) para a Prefeitura Municipal de São Paulo, divulgada nesta segunda-feira, 26 de agosto. O descontentamento com o atual rumo da cidade pode ser medido também pela majoritária reprovação da gestão de Ricardo Nunes, que teve queda de quase 10% em sua aprovação. Pode ser sentido ainda na oscilação negativa de 2% em sua avaliação comparativamente à pesquisa FESPSP de julho.

Sobre possíveis razões para a queda de aprovação e da avaliação da gestão municipal, Tathiana Chicarino, cientista política e professora do curso de Sociologia e Política da Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), acredita que a paralização da propaganda governamental possa explicar a mudança na opinião pública. “A queda coincide com a interrupção das propagandas institucional da Prefeitura e da participação do prefeito na inauguração de obras por conta da lei eleitoral”.

 

 

MUDANÇA OU CONTINUIDADE (%)


A pesquisa eleitoral da FESPSP mostra Guilherme Boulos na liderança com 23,1% da preferência dos paulistanos, aguardando para um potencial segundo turno o vencedor das candidaturas da direita que, até o momento, conta com a vantagem numérica de Nunes com 21,6% das intenções de voto. Em seu rastro, em empate técnico no limite de 2,5% da margem de erro da pesquisa, está Pablo Marçal, que subiu de 11% para 17% nas intenções de votos com um vertiginoso crescimento de mais de 50%.

Sobre a possibilidade de Marçal ultrapassar Nunes e ser o adversário de Boulos no segundo turno, Chicarino é cautelosa: “precisamos aguardar a nossa terceira rodada da pesquisa, que ocorrerá no final de setembro, para verificar se o crescimento do candidato do PRTB é consistente a ponto de mudar o cenário.”

A especialista da FESPSP chama atenção para os dados da pesquisa sobre a segunda opção de voto ainda no primeiro turno. “Percebemos a constituição de um imaginário político similar entre Boulos, Datena e Tabata, de um lado, e de Nunes e Marçal, de outro. “Não podemos afirmar que se trata de transferência de voto mas, sim, que as percepções dos eleitores podem se aglutinar em torno desses dois campos”.

 

Na opinião da professora da FESPSP, o empate técnico entre Nunes e Marçal indica um acelerado avanço do candidato do PRTB sobre o eleitorado alinhado à direita. “Essa ofensiva teceu a atual rede de contra-ataques à Marçal, tendo de um lado Nunes em um evidente esforço de mostrar proximidade com Bolsonaro, e de outro o ex-presidente e seus filhos Eduardo e Carlos com acusações nas redes sociais”.

Chicarino analisa que o impacto do início da campanha eleitoral, com os primeiros debates televisivos e as disputas nas redes sociais entre os candidatos, resultou em um descompasso na percepção do eleitorado sobre a real representatividade eleitoral da direita em São Paulo.

O paradoxo, segundo a especialista da FESPSP, pode ser observado na pesquisa quando os eleitores foram perguntados sobre o “grau de entusiasmo em saber que o próximo prefeito contará com o apoio de Jair Bolsonaro”. Cerca de 37% dos eleitores se disseram muito entusiasmados quando Marçal é apresentado com esse apoio contra 34% de Nunes.

 

Em que pese a identificação com Bolsonaro, percebe-se que os eleitores conservadores parecem não estar dispostos ou ainda estão indecisos em seguir à risca a indicação de candidato do ex-presidente, diz Chicarino. Essa ‘emancipação’ extrapola a disputa municipal, sinalizando o início de uma disputa entre Marçal e Bolsonaro pela hegemonia da extrema direita em âmbito nacional, conclui a cientista política. “Nossa expectativa é de que a próxima rodada da pesquisa FESPSP em setembro traga informações mais consolidadas para analisarmos por qual dos candidatos, Marçal ou Nunes, o eleitorado bolsonarista finalmente se decantará em São Paulo”.

No que se refere ao aumento do desejo de mudança na gestão municipal, a pesquisa traz dados que inferem que os eleitores não aspiram por uma transformação disruptiva, mas, sim, que ela seja feita a partir do próprio sistema e sob liderança de um perfil mais político do que de outsider.

Essa preferência fica explicita quando o eleitor elenca a experiência política e de gestão como as principais características desejadas para um bom prefeito, ficando em última plano valões religiosos e experiência empresarial. Chicarino destaca que esse dado mostra que os eleitores parecem desejar um tipo de mudança “com segurança”. “Talvez pelo trauma de 2018, quando a mudança desejada era total, a mudança desejada agora parece ser uma aquela processada sem sobressaltos e liderada por um perfil experimentado na política”, conclui a especialista da Escola de Sociologia e Política.

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