Primeira pesquisa eleitoral FESPSP para a Prefeitura de SP revela que lideranças e vice na chapa impactam a intenção de votos
Na espontênea, Guilherme Boulos aparece na liderança com 18% das intenções de votos, seguido por Ricardo Nunes (15%), Pablo Marçal (6%) Datena (3%), Tabata Amaral (3%), Kim Kataguiri (1%) e Marina Helena (1%).
A FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo) em parceria com o Instituto QuantiLab está lançando os resultados da primeira da série de pesquisas eleitorais para a Prefeitura de São Paulo que irá produzir até as eleições.
Além dos tradicionais dados sobre a intenção de votos, a pesquisa FESPSP inova ao aferir também os potenciais impactos eleitorais dos vice-prefeitos e do apoio do presidente Lula e do ex-presidente Jair Bolsonaro aos candidatos.
Outra inovação foi levantar junto aos eleitores quais as qualidades que o futuro prefeito deve ter. “Há aqui um certo equilíbrio entre atributos técnicos e empatia pelas questões sociais que afligem a população”, diz Tathiana Chicarino, coordenadora do curso de graduação em Sociologia e Política e pesquisadora do Centro de Pesquisas FESPSP, área criada neste ano pela Escola de Sociologia e Política para realizar pesquisas sociais, de mercado e de opinião pública.
Na espontânea, a pesquisa aponta Guilherme Boulos na primeira colocação com 18% das intenções de votos, seguido por Ricardo Nunes (15%), Pablo Marçal (6%) Datena (3%), Tabata Amaral (3%), Kim Kataguiri (1%) e Marina Helena (1%)
Sob estímulo dos nomes de potenciais candidatos, a intenção de votos sobe para 26% a favor de Boulos, seguido de Nunes (22%), Datena (12%), Pablo Marçal (11%), Tabata Amaral (5%), Kim Kataguiri (3%) e Maria Helena (2%).
Na amostra pesquisada, 42% dos eleitores disseram que podem mudar seu voto ainda no 1º turno das eleições municipais. Ǫuando olhamos para o 2º turno, no entanto, Ricardo Nunes assume a dianteira com 43% das intenções, enquanto Boulos fica com 36%. |
Contudo, explica Tathiana, há oscilação entre os mais pobres nos extremos das regiões sul e leste da cidade. Em simulações de segundo turno com Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, o atual prefeito aparece 7% à frente de seu concorrente, algo bastante próximo de outras pesquisas.
A situação se inverte, contudo, em um cenário mais realista no qual Boulos é apresentado aos eleitores como tendo o apoio do presidente Lula e Marta Suplicy como vice-prefeita, e Ricardo Nunes apoiado pelo ex-presidente Bolsonaro e pelo governador paulista Tarcísio de Freitas, e ao seu lado como vice-prefeito o coronel Mello de Araújo.
Nessa análise, Boulos aparece 8% à frente de Nunes. Ǫuando a isso se soma a indicação dos vices, a diferença sobe para 10% a favor do candidato do Psol.
Esse fenômeno da inversão pode ser observado, por exemplo, entre os eleitores com renda familiar de até dois salários mínimos. Nesse grupo, Nunes vence de 43% contra 30% de Boulos em um cenário em que eles não são apresentados com os seus respectivos vices. Ǫuando os vices são incluídos na pergunta, Boulos aparece com 50% das intenções de voto e Nunes com 34%. Uma mudança de quase 30%.
Entre as possíveis explicações para esse comportamento dos eleitores de até 2 salários mínimos de renda está o fato de que muitos deles ainda desconhecem o apoio do presidente Lula à Boulos.
Renda Familiar: até 2 SM | Sem saber quem é o vice | Com conhecimento do vice |
Ricardo Nunes | 43% | 30% |
Guilherme Boulos | 30% | 50% |
A reversão de quadro pode ser observada também quando se olha as regiões da cidade. No extremo sul, Nunes vence Boulos por 52% a 30% respectivamente no cenário sem vices. Já na menção dos vice-prefeitos há novamente uma reviravolta de mais de 20%, tendo Boulos à frene com 42% e Nunes com 41%.
Extremo Sul (Sul 2) | Sem saber quem é o vice | Com conhecimento do vice |
Ricardo Nunes | 52% | 41% |
Guilherme Boulos | 30% | 42% |
Entre as explicações possíveis para esse achado da pesquisa da FESPSP, há o recall positivo de Marta Suplicy no extremo sul da cidade. Ǫuando Doria venceu no primeiro turno em 2016, os únicos distritos em que ele perdeu estavam nessa região, diz Tathiana. “E isso aconteceu não contra Fernando Haddad, segundo colocado naquela eleição, mas justamente contra Marta, terceira colocada no cômputo geral e primeira nessa localidade de São Paulo.
Extremo Leste (Leste 3) | Sem saber quem é o vice | Com conhecimento do vice |
Ricardo Nunes | 40% | 35% |
Guilherme Boulos | 33% | 49% |
Embora no extremo leste da cidade a diferença a favor de Nunes não seja tão grande, ela também sofre uma virada considerável com os apoios: Nunes vence Boulos por 40% a 33% no primeiro cenário e perde para Boulos por 49% a 35% quando os candidatos são apresentados ao lado de seu vice-prefeitos.
Sobre as características do futuro Prefeito, 75% dos entrevistados concordam com a frase de que um bom Prefeito deve ser amado pela população.
É importante haver também equilíbrio entre capacidade técnica e empatia pelos problemas da população, já que 51% dos entrevistados concordam com a afirmação de que um bom Prefeito deve ser tecnicamente capaz de cuidar dos problemas da cidade, e outros 46%, que ele deve ter sensibilidade para os problemas sociais.
Os dados mostram tendência do eleitorado para admirar qualidades éticas e de habilidades de diálogo político: 72% concordam que um bom Prefeito deve buscar a conciliação com seus adversários políticos, e 73%, que ele deve ser pautar antes de tudo na ética quando for realizar projetos para a cidade.
A coleta de dados aconteceu entre 16 e 19 de julho em uma amostra de 1.500 entrevistados segmentados em cotas representativas de sexo, idade e escolaridade, ocupação e renda. Os professores da FESPSP, coordenados pelo diretor acadêmico Aldo Fornazieri, ajudaram na elaboração do questionário e na interpretação dos dados. Seguindo a tradição da FESPSP de Ciências Sociais Aplicadas, a pesquisa de campo foi realizada pelos nossos alunos.
Esta pesquisa foi registrada no TSE sob o número: SP-04746/2024
Confira neste link o relatório completo da pesquisa.